A quinta-feira (27) começou com uma triste imagem de raiva e preconceito. Cinco painéis da exposição “Presença D´Elas: a Potência da Mulher Preta”, foram rasgados e arrancados das colunas de prédios na Avenida Amaral Peixoto, uma das principais vias de Niterói. A exposição, uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado na última terça-feira (25), contava com fotos de 23 mulheres negras, captadas pelo olhar da fotógrafa Lilo Oliveira. Em poses empoderadas, essas mulheres foram retratadas com acessórios dourados, em um resgate à beleza e imponência do legado afro na cultura brasileira.
O crime foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. A Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres (Codim) pretende repor as fotos arrancadas na manhã desse sábado. As câmeras da Prefeitura de Niterói, instaladas no local, são direcionadas para a rua e não flagraram a ação. A Prefeitura está verificando junto aos estabelecimentos comerciais da região se há imagens que tenham registrado o vandalismo.
“A intolerância e o racismo não permitem que celebremos a presença e a beleza da mulher preta. É justamente o que queremos combater com essa exposição. Vão vandalizar? Vamos recolocar novamente as fotos! A exposição já está cumprindo o papel de resistência e de revelar o quanto ainda precisamos avançar. Ela vai permanecer na rua para que cada menina negra se reconheça nessas fotos e reconheça a potência que habita dentro dela”, destacou Fernanda Sixel, da Codim, responsável pela mostra.
Já a secretária de Direitos Humanos de Niterói, Nadine Borges, disse que vai acompanhar de perto a investigação.
“Já fornecemos imagens e fotos da exposição, identificamos os números dos prédios com câmeras na região para que a polícia possa oficiar esses comércios para entregarem essas imagens. Vamos apoiar a polícia nesta investigação porque racismo, em Niterói, não se cria”, afirmou.