Amanhã será aniversário de minha mãe. Uma data que recai sobre o famoso dia da mentira. São momentos que passamos e, eventualmente, não entendemos o por que de uma partida tão precoce. Explicações várias como, por exemplo, “Deus precisa de pessoas boas lá em cima”, já são suficientes para me confortar. Uma mãe que evito falar muito, senão choro um pouco (muitas vezes). Bety possuía dentro dela algo que não consigo explicar – uma marcação muito forte no DNA da bondade. Se minha amiga, a neurorradiologista Lara Brandão, aplicasse técnicas de inteligência artificial em sua RNM do crânio com difusão, o sistema límbico, o corpo caloso e as áreas frontais, brilhariam feito árvores de natal.
Dos meus amigos tinha admiração pelo professor Marcos Freitas, Paulo Sally, Melinho e Marcão Araújo. Ela tinha uma personalidade saborosa, mas atrevida – uma cconexão interessante. Mulher intensa e com caráter- uma doçura de menina. Um pouco gordinha, atraente, inteligente (muito). Minha mãe penetrava e “lia” pessoas com um olhar único. Odiava encontros e aglomerações de pessoas. Também tinha pavor de ser o centro das atenções, principalmente quando iria receber algo – provavelmente até hoje daria desculpas e faltaria tais eventos.
Não precisava – ela definia sozinha. Sua ausência hoje é uma pesença marcante em alguns corações. Ela foi mãe e pai. Bety as vezes era um tornado organizado, por vezes mar revolto, noutras calmaria e pôr do sol. E tal qual sua paixão? Eu, João, Bento, vovó Amélia, Pedro Castelo Branco e meu tio Dudu. Deixou de presente para nós Ana Claudia Guimarães. Um feliz aniversário mãe. Te amo.