Ontem conversei por alguns minutos com Jonathan, um colega e exímio arquiteto que mora em São Paulo.
“Isso não tem mais jeito, rapaz. A viagem, o relógio, a roupa e aquela foto são mais interessantes que a realidade circunjacente”.
A mínima compreensão dos fenômenos psíquicos, sociais, econômicos e geopolíticos foi fantasmagoricamente deixada para lá em nossa educação. Se realmente fossemos curiosos e buscássemos encontrar respostas e/ou interrogações, começaríamos a pesquisar em livros, artigos e outros instrumentos de internet. Esse é o grande problema, pois nossa juventude está mecânica e inanimada. Percebo, bem de fora desse meio, que o movimento dos “bandos” não é tão simples como pensava. Ele é um preocupante sistema burro-complexo. A limitação no ato de pensar e criar estratégias para um “alinhamento” mental está escassa. Parece que esgotamos todo o nosso repertório de análise crítica, algoritmos intrínsecos e probabilidades neurais. Na medicina, por exemplo, o espírito das disciplinas científicas vêm mudando, pois muitos são incapazes de responder às simples (mas verdadeiras) perguntas dos pesquisadores. E o que me deixa cabisbaixo é que os pesquisadores estão morrendo, e, no lugar deles, se forma uma nova geração que acha tudo fácil e familiar.
E quando não conseguem aplicar seus dotes? Não se preocupam, pois não existe um sistema encefálico de “dor na consciência” para/com o outro. Estamos tão acostumados com a facilidade de compartilhar textos, artigos ou mesmo telefonar pelo WhatsApp que pensar tornou-se secundário. Essa semana recebi de uma colega uma carta para avaliar um paciente e pensei:
“Que droga. Esquecera, minha ex-aluna, pontos e vírgulas durante o trecho. Onde eu errei na correção de seus trabalhos? Devo ligar?”.
Decidi contentar-me com os códigos e dados parciais de uma língua que não era a nossa. E as cartas de amor? É complexo… estamos virando entediantes “escaneadores” do google.
Mas que fim levou o professor? Desaceleraram numa onda de protestos internos e falta de interesse. “A água que ferve não parece mais a mesma que congela”. Cito também: “o neurônio que fascina a quem ensina não recebe o mesmo trato quando é lesado de quem só quer se livrar de um problema”. Estamos na Era do eu faço, eu tenho, eu posso, eu compro e, principalmente, eu não te respeito. Eu também tenho carro modelo XPTU, um corpo lindo, um namorado/a que pensa igual a mim e, infelizmente, um bando de “amigos” pombos que acham bacana viver no ostracismo psíquico e intelectual. Como eles dizem, bora beber um chopin, vinhozin, noitadin, pacientin, problemin, casin… essas coisas bem estapafúrdias de adultos presos nas ferragens de um raciocínio desenvolvido por Deus – para ter asas e voar. Eu fico tão impressionado de tanta gente com o “Dr.” no jaleco. Por vezes me pergunto…em que, quando, para quem?