Punha-me a pensar durante um café da manhã com meus companheiros, Thor e Sonic, cães amorosos. O primeiro um Chiuaua; o outro um Golden Retrivier. Antes de chegar à porta da rua, voltei, marchei até o elevador e pensava. Fazia meia-volta, gargarejos mentais e, assim por diante, pisando com força. Um smoking para uma defesa de doutorado? Por que meu amigo pediu para me travestir assim… eu não gosto dessas coisas pesadas sobre meus ombros. Casamentos, batizados, aniversários de gente famosa, coisas desse gênero, não me pegam. Devo, realmente, ser um cara bronco e estúpido.
Fatiguei-me de tanto ruminar a ideia. Uma parada da passada justificava a nova. Esse outro lado nunca me interessou; desde que me entendo por gente. Nova demora para sair de casa. Passo a afagar a cabeça do Golden e provocar Sonic, abrindo e fechando os caninos. O primeiro se estirava ao chão e espreguiçava; o outro, “malditinho”, parecia querer me morder.
Chego à varanda de meu apartamento e observo, por uma pequena fresta, algum navio na prais de Icaraí. Por baixo, a claridade verde das árvores do Campo de São Bento. Afastei-me para alinhar meu café de coador; o melhor. Café que eventualmente saboreio em parceira com Paranhos, Artiles, Arona e com a solidão. A chaleira chiava como quisesse me dizer algo.
Repensei. Para que diabos eu tenho que me vestir assim. Roupa de defunto; não sei de onde tiraram que é chique essa fantasia que nos enverga para frente. “Marco, pergunto a mim mesmo: vamos deixar de besteira. Um homem é um homem”. Retirei toda a roupa, buscando rapidamente minha calça jeans, uma camisa branca batida demais, mas que amo; além de um tênis bem castigado por grandes lugares que escalei.
Realmente estava muito diferente de todos. Graças a Deus. Mesmo assim disseram, na cara de pau, que estava alinhado, mesmo sem linho. Era só uma defesa de um trabalho…