Meu filho João ontem me pediu esse bicho. Não sei o nome, mas acredito que seja do Star Wars. Nunca fui muito chegado à super-heróis; gostava mesmo do meu avô. Por falar nisso, minha prima disse-me, recentemente, ter avistado vovô na casa dela. Acho improvável, já que não acredito em aparições. Mário Orsini faleceu aos 72 anos, levando 1/4 do meu coração e deixando rastros de saudades que perduram. Dizem que avô tem cheiro. Eu até hoje lembro do aroma do colo do meu grande ídolo.
Passeamos muito, jogávamos bola, escalávamos montanhas e criávamos marias-choca (folhas de jornais que após queimadas mimetizavam pequenos balões). Lembro muito de Charitas, bairro onde eu morei; termo que é oriundo de caridade; uma característica do meu avô. Éramos parecidos; andávamos com roupas de qualquer jeito e geralmente desnudos da cintura para cima. Acho que é uma característica da família; exceto minha mãe, que nada trajava quando em casa.
Vovô, sem sombra de dúvidas, é minha fortaleza. Conversamos muito até hoje. Não palpo mais aquele peito branco e peludo dele, mas sigo acompanhando seus passos lá em cima; daqui de baixo. Afinal de contas, o que é um corpo físico quando comparado à uma memória fresca e celestial de um ótimo espírito do bem.
Vou trabalhar. Escrevi agora na hora do almoço. Peço desculpas para Ana Claudia Vaz. Ela sabe que às vezes… deixa para lá. A Thaís acabou de falar que é o Yoda. Trabalhar em clínica popular às vezes é engraçado. Estou diante de Marli da Conceição. “Dr. Marco, quero um mapeamento para ver o que tem dentro da minha cabeça”. Retruco: “para que, mulher?”. Ela insiste: “faz por favor e não reclama?”. “Não faço não… só vai achar miolos”.