Dizem por aí, que a lua é repleta de montanhas, muitas delas rochosas, também me entristece o fato dela não ter vida, nem ar. Da Terra, a lua parece mudar de formato e quem disse, que quando chegarmos lá, ela não pode ser diferente independente de como a encaramos…
Sempre fui fã de Antoine de Saint-Exupéry. Escritor e aviador e, sinceramente, gostaria de passar alguns dias da minha vida naquele planeta, (na verdade um pequeno asteroide). Eu, os meninos e Sonic iríamos nos divertir.
Nesse pequeno asteroide cresceriam vários baobás, plantas, que diariamente seriam removidas, para não provocarem um colapso naquele espaço. Essas plantações começavam sua “fecundação” de forma alentecida, mas em pouco tempo, se não castradas, as repercussões seriam uma catarse.
Essa semana descobri que tinha crescido um baobá dentro de mim. Inicialmente fiquei diminuto, quietinho, inapetente e atônico. Sabia que essa temerosa plantação cresceu pela minha incapacidade em deletar um solo destrutivo criado pelas minhas ideias de sempre tentar fazer mais.
Aqui em casa também possuímos uma espécie de raposa, que me ajuda na solução de alguns problemas, o Sonic. Esse bichinho me ensina que devemos cativar quem nos permite e, indubitavelmente, nos desarmar de uma maneira bem simples do restante. Posso ver hoje, que decidi não seguir uma carreira na Universidade Pública, pois percebi instintivamente questões, que me tocavam os olhos e principalmente o coração. A principal delas, uma espécie de grande baobá, a vaidade.
Também não sabia que o piloto Francês já tinha visitado o Brasil (Vitória) e trazido em uma de suas viagens, um jacaré. Contei isso para meus meninos, mas não consegui explicar como o animal não atacara o piloto. Creio que no fundo, ele se sentiu confortável em sua presença. O avião utilizado por “Zé Perri”, apelido que recebera de pescadores de Florianópolis, outro lugar também frequentado, era um LATE 28, munido de motor Hispano Suiza de 600HP, que voava cerca de 200km\hr.
Acabei não comentando para meus meninos, que o mergulhador Luc Vanrell encontrara peças do avião do autor. Teorias apontam que o mesmo foi abatido em uma missão de reconhecimento, durante a segunda Guerra Mundial e pasmem: Indícios e localizações apontam, que a aeronave fora atingida por um leitor e fã de “Zé Perri”. Relatos não dizem se o jacaré afundou ao lado do corpo desse ilustre ser humano. Então em julho de 2006, um historiador telefonou para um ex-piloto em Wiesbaden, Horst Rippert, explicando que procurava por informações sobre Saint-Exupéry. Sem hesitar, Rippert, aos 86 anos, respondeu: “Não precisa procurar mais. Eu abati Saint-Exupéry – aos prantos. Ele descreveu as incomuns e evasivas reviravoltas executadas pelo Francês, que na época sofria de dores intratáveis e fraturas em ossos curtos. Acredito que “Zé Perri” chegou à conclusão, que viver é felizmente\infelizmente, como tempos e momentos de voo – um dia iriam acabar. Porquanto, sempre digo para mim mesmo, que voar com amigos e sem canibais e usurpadores de amor não tem preço.
Esse ano finalizo minhas orientações com uma sensação um pouco amarga, em minhas pupilas gustativas. Percebi, aos 41 anos, que a Ciência é feita de muitos amadores travestidos de pesquisadores.
Podemos tentar mudar isso – farei no meu tempo – pois já me rendeu um baobá. Não quero que meu coração seja abatido como o motor do LATE28, portanto de agora em diante, os voos serão curtos e direcionados, simplesmente para satisfazer o coração de meus filhos e amigos. Não poderia também dizer que torcer para o Flamengo não me torne um ser humano mais feliz. É uma espécie de segunda vida…Também passei a ser torcedor do Santos, por conta de um amigo chamado Acary Bulle Oliveira.
Como sempre faço quero dedicar essa Crônica aos meus amigos do coração, Olímpio Peçanha, Luiz Maurício Ramos, Rodolfo Lima e Silva e a meu pai.