Sinceramente não conheço uma profissão mais nobre que a de Professor. Creio ser uma dádiva poder nortear potencialidades em cada cabecinha e, de sobremaneira, deixarmos um pouquinho de nós para nossa população. Tive referências de alguns, busquei o que achava ser o melhor de cada um deles e indubitavelmente, me permiti ser educado. O termo permitir ser educado é aceitar a ignorância que habita em cada um de nós e, tentar de alguma forma, abrir o encéfalo para novas conexões. Às vezes achamos que não precisamos mais aprender – é humano – mas infelizmente um erro mortal. Somos seres inacabados, portanto suscetíveis ao aprendizado.
Desde o ensino fundamental até os dias atuais recebo lições de casa de meus professores. Embora tenha me tornado um deles, nunca me fechei numa bolha e aplanei meus conhecimentos. Só deixamos de aprender quando aqui não nos resta mais nada. Na pandemia me degusto conversando com Carlos Henrique Melo Reis, Gilvan Muzi e Marco Antônio Araújo Leite. É verdade que o “ensinar” deles hoje é diferente; não é só Medicina. Na verdade nunca foi só Medicina, entretanto quando somos jovens a seletividade para aprender matérias é maior do que estudar conteúdos.
Aprendi a tentar perpassar alguma coisa que aprendi, mesmo que alguns alunos não compreendam o porquê da maior parte de minhas aulas ser preenchida de fatos históricos e literários. Podemos também ser condutores de sonhos exercendo, por exemplo, a função de um axônio, entre o corpo do neurônio e uma placa motora. Professores são de vários tipos e de todas as maneiras. Bento está sendo alfabetizado pela Luciana Zanon. João está recebendo conhecimentos on-line. E eu? Quando sinto falta de uma boa aula ligo para Melinho, o Professor Carlos Henrique Melo Reis. Ele é uma espécie de baú das coisas – não tem definição.
Como Professor criei algumas manias, dentre elas não ser chamado de doutor. Embora tenha esse título parto do princípio, de que tudo que a traça rói é barato. Por falar em cursos de Mestrado, Doutorado e essas modalidades de ensino gostaria, despido de narcisismo, atentar para a qualidade da escrita de alunos universitários. Meu Deus – é um português muito estranho. As palavras parecem enlouquecidas, não se encaixam, não transmitem.
Essa semana um amigo chamado Rômulo (Caju), me chamou para treinar jiu-jitsu. Achei bacana de sua parte, de bom grado, sem valor, simplesmente convidar para pisar no seu tatame. Perguntei quanto era. Caju sorriu. “Tá maluco Marquinho”. Enfim…estávamos treinando e perguntei para ele se minha posição estava certa. Caju levantou-se, inclinou o tronco e verbalizou: “Marquinho, não sei…deixa eu estudar – não a realizo há tempos”. Achei um ato nobre de quem já lutou 4 vezes em MMA. Creio que a simplicidade é tudo na vida.
Gratidão a todos os Professores que passaram por minha vida. Devo-lhes grande parte do que me tornei, desde os princípios e valores morais, até o gosto por estar sempre rodeado de livros em busca de um saber, para mim inesgotável.
Lamento profundamente, que a sociedade ainda não reconheça o imenso valor que tẽm, mas tenho certeza que em algum aluno vocês deixaram um pouco de si. Esta deve ser a maior gratificação.
Desejo para toda essa classe, hoje desnivelada moralmente pelo Ministro da Educação, um abraço do tamanho do mundo. Dedico essa crônica para a Luciana Zanon. Querida amiga, segue um muito obrigado virtual por ajudar Bentinho a desvendar as letrinhas, transformando-as num significado interno. Nós te amamos. Obrigado tia Helinha – minha corretora predileta.