Creio que só seja possível “ensinar” uma criança a decifrar o amor amando-a. Essa colocação me parece extremamente importante, pois essas “criaturinhas” possuem poderes mágicos de mudar a nossa sociedade. De pureza espiritual, moral, ética e aplainadas somente nos atos que vêm e recebem, elas conquistam com muita facilidade. Lembro de uma fala que “dizia” mais ou menos assim: “Marco, quero que minha filha esteja no topo da cadeia alimentar do ponto de vista profissional, o que você deseja dos seus filhos?”. Sorri para o menino de 60 anos e afirmei: “Quero somente que eles tenham dignidade, compaixão e nobreza. Não vislumbro meus pequenos como tubarões em busca de sangue; o oceano é muito maior que isso. Quero que saibam se proteger de seres artificialmente criados como a sua filha”.
Bento, por exemplo, quando questionado por uma senhora que carreava com cachorrinho disse: “Esse cachorro parece uma gambá, mas não sei se é fedorento”. A idosa praticamente chorou de rir e retrucou: “Rapaz, de onde você tirou isso?”. Atualmente quando penso nesses pequenos tenho uma vontade imensa de ensinar-los que muita coisa que está acontecendo fora provocada por adultos que um dia foram crianças e, infelizmente, tornaram-se voláteis de caráter, dignos de vergonha e impuros moralmente. Quem não possui uma memória da infância marcado no eixo neurocardiologia (encéfalo-coração), não consegue definir a palavra pureza.
João, Bento, Caio, Lucas, Gabriel, Pedro, Marina, Guilherme, Lara, Laura, dentre outras crianças que fazem parte no meu meio afetivo e comportamental merecem todo o carinho e destreza do mundo. Hoje estávamos estremunhados de sono e cansados pela atribulada semana. Sonic Orsini, nosso Chiuaua fora internado. Uma pneumonia grave e avassaladora que quase o fez partir aos dois anos de idade. Ao entrar no Hospital de Animais fui questionado pela recepcionista sobre qual seria o sobrenome do canino. “Sonic, balbuciei com os olhos marejados”. A secretária novamente me argüiu: “Senhor, preciso de um sobrenome”. Sem pestanejar soletrei Sonic Orsini. Sempre tive afetos por animais, mesmo sendo covardemente condenado por um parente próximo, que certa vez tinha agredido um bace. “Um perverso, que provavelmente não bate bem de suas atividades superiores”.
Durante esse tempo de Pandemia aprendi muito sobre crianças, principalmente sobre João e Bento. Dentro da educação, os modelos são muito mais importantes que críticas. Segundo Josh Billings, devemos guiar uma criança pelo caminho que ela deve seguir e nos deixamos ser direcionados por elas de vez em quando. A cada dia que se passa torno-me um adulto com uma vontade enorme de ser reprovado do convívio dos homens e aceito pelo reino da infância.
As crianças são a perpetuação da raça humana, para tal devemos acordar e perceber que estamos errando, todos nós, em aspectos cruciais na maturação cerebral desses seres que necessitam de estímulos diários de afeto, amor, compaixão e exemplos. Temos que fortificá-las interiormente para que daqui há alguns séculos possam mudar, de alguma maneira, o que nossos adultos estragaram. Brinco com João e Bento que os trato como cafifas humanas – permito que voem em seus pensamentos e vontades, mas imponho uma linha invisível para não perde-los por amoralidades e tropeços de comportamento.
Filhos, o pai de vocês ama tanto vocês que seria descortês com o meu coração adjetivá-los de alguma palavra, exceto obrigado. Queria dedicar esse texto para todas as crianças do mundo, principalmente aquelas que sentem fome, sede, vivem em situações de miserabilidade e possuem genitores de caráter duvidoso. Cá entre nós, acho um crime um mau-caráter gerar um filho. Isso deveria ser proibido por Deus.
Tio Claudio Morales. Obrigado pelo hemograma que me tranquilizou. Essa pandemia realmente tem afetado minha rotina. Ando cansado, exausto, com certa dificuldade de concentração e, de sobremaneira, com os padrões de sono anárquicos. Desejo para todos os leitores um feliz dia das crianças para seus respectivos filhos. Amém.