Conversamos por horas sobre a plasticidade cerebral e a potência da área motora primária dos jogadores de futebol. Ladeamos como a via motora descende até os músculos dos atletas para os dribles acontecerem. Criticamos e enaltecemos os geradores centrais de padrão da medula espinal. De todos os meus amigos e professores de medicina, Carlos Henrique Melo Reis me chama atenção. Gosto de ouvi-lo – é sempre bom. Melinho deve ter uns setenta e poucos anos e um currículo oculto de vivências e zelo com os pacientes – algo que beira o sobrenatural. Marco Antônio Araújo Leite também possui essa capacidade- foi o primeiro a colocar-me no lugar após corrigir-me nos exames físicos.
Retornando ao Melinho, termo carinhoso que o chamo, lhe admiro pela maneira pacifica e democrática de resolução das coisas. Ontem fui chamado atenção e, como um bom cabrito, não berro. “Orsini, escreva no mínimo vinte minutos de qualquer coisa que não seja medicina. Um texto, uma carta de amor, um verso”. Porquanto, resolvi escrever para os meus amigos do grupo de de WhatsApp (futebol e medicina). Tal grupo fora criado para socialização e troca de saberes entre medicina, história, piadas e futebol. É, indubitavelmente, um somatório de poucos amigos com características distintas. Piadas são sinceras, diretas e lindas – são puras.
Desse fazem parte Fernando Miguelote, Henry, Brodsky, Gabriel Freitas, Marco Araujo Leite, Carlos Henrique Melo Reis, Fábio Porto e, obviamente, eu. É algo versátil e nos fornece alegria. Eventualmente marcamos teleconferências. É fato que já pensei em introduzir o Professor Marcos RG de Freitas, mas acho que não é a praia dele. Todos esses que vocês lêem acima, são bem renomados em seus currículos ocultos- médicos de vocação. Não renunciamos uma possível saída desse maravilhoso link de convivência- e olha que farpas são atiradas em todos nós. Nos permitimos imaginarmos aquela época de crianças\adolescentes durante o figurino externo de vaidades e luxo que não nos veste.
Gabriel R de Freitas sempre foi tímido, mas agora parece que “aceitou” a idéia de interação – envia, discute e sorri virtualmente – sei disso. Marco Antonio Araujo Leite adora conversar sobre política. Eu e Brodsky somos consideramos donos de uma feira que seria infeliz definirmos. Miguelote e Melinho têm prazer jogar lenha na fogueira para o pau comer. Acho que o Henry é o que menos fala…
Temos também outro grupo – amigos do jiu-jitsu. Nesse “rola” tudo que é possível, sempre de maneira agressiva, hostil, ignorante. O português é atropelado, brigas ocorrem por divergências políticas, me chamam de faixa preta-frouxo, bigode de tapete, Dr. Hollywood…Agora cismaram de me vestir melhor, pois me chamam de cafona. Eu adoro todos que estão contidos: Bruno Cara de Pedreiro, Ex-Gordo, Miudinho, Adriano Pelúcio, Gambá, Caju, Flávio Peito de Carpete, Zidane, Faísca Cara de Carranca, Dudu Zé Bonitinho, Paulo Cara de Bauducco, Makson pé de Curupira dentre outros.
Acho que na vida nunca é tarde para aprendermos. É bom ampliarmos os horizontes, cativarmos nossos amigos e, sobremaneira, tornamos algo mais leve. Eu sinto orgulho de mim mesmo por participar de grupos tão distintos, mas apaixonantes. Creio ser uma evolução pessoal. Em tempo: Algo completamente fora de contexto. Tecnologia não é pedagogia. Aquela é um mero mecanismos de transmissão, com ruídos que nos incomodam. Computador na educação é como um vagão, algo que não é capaz de mover, somente de ser movido pelas nossas idéias e criatividade.
Dedico essa crônica para Pedro, netinho de Marco Antônio Araujo Leite. Achei a foto linda, motivo pelo qual a expus na matéria. João e Bento – uma “cafungada” do papai. Não preciso repetir que vocês dois revestem minha alma. Ao professor Gilvan Muzy um carinho de filho emprestado. Amo você. Os 100 anos da UFRJ estão estampados no seu coração.