Alguém já nos disse, certa vez, que, para ser feliz, necessitamos de apenas duas coisas: uma saúde privilegiada e uma péssima memória para eventos que machucam a alma. Não me refiro a perda de pessoas queridas, tampouco o sofrimento alheio. Entrelaço meu pensamento com as atitudes e amoralidades que nos ladeiam.
A saúde tem uma relação direta com o sono e suas fases, aos belos exemplos, com grandes amizades e, de sobremaneira, vem atrelada a alguém que preencha nossos corações. Não importa o gênero, a cor da pele, o status social e o poderio econômico. A célula é um elemento polivalente – aquele que promove as fases dos processos biológicos da vida. Devemos preservá-las, pois é o ponto de partida de tudo. Quando discorremos sobre saúde é notório que os processos de sinalização celular, os desvios ou alinhamentos emocionais, além dos inputs e outputs que recebemos, “tocam” em nossas membranas osmóticas. A felicidade pode ser uma grande aliada na “inibição” de memórias hipocampais e neocorticais. Essas que vos escrevo são pensamentos ruins, inveja, ódio e tudo que nos cerca, nos encurva e nos molesta.
Uma vez ouvi da minha mãe que a gente se sente plenamente bem quando apropriados e adequados psiquicamente estamos. Não é uma receita fácil, pois a Bety tinha seus conflitos internos – não eram poucos. As vezes sobravam para mim. Existem pessoas que se divertem lendo livros, vendo filmes, bocejando e salivando no sofá, observando e participando de eventos com filhos. Outras preferem festas, eventos, hábitos notívagos e bebidas. Creio que toda a maneira de divertir-se deva valer à pena, desde que não provoque o sofrimento de nós mesmos e\ou de outras pessoas. E quanto às pessoas? Façamos igual às plantas. Tratemos com carinho. Reguemos duas ou mais vezes ao dia, mesmo as que possuem espinhos. Quem sabe um dia desistam de machucar ou retirem tais proteções contra agressões externas.
A vida já está bem difícil para nos preocuparmos com o que os outros pensam ou deixam de pensar sobre nós. Somos maiores, soberanos, humanos, elegantes. Creio que podemos ser considerados sujeitos de boa índole. Esqueçamos os rótulos, as criticas, os olhares e, indubitavelmente essa tal sensação que algumas vezes nos suga. A vida é volátil.
Devemos ter cuidados diários com o coração. Nossas ações imprimirão através dos olhos um ar inconfundível de encanto com a vida. De estar vivo por mais tempo. De conhecer novas pessoas. De sermos menos arrogantes e um pouquinho mais burros. É compreensivo e luminoso quando nos chamam de burros… que mal faz para o ego – nenhum.
Parece que você, defronte dessa crônica, no fundo sabe disso. Todos nós temos o direito de sermos como desejarmos, mas não cabe agradar quem não quer – nos esgotamos.
Dedico essa crônica ao João e Bento Orsini, meus filhos. Agrego nas considerações finais meus verdadeiros amigos e todos os pacientes. Desses, não posso deixar de citar cinco pais da Medicina: Olimpio Peçanha, Marcos RG de Freitas, Carlos Henrique Melo Reis, Acary Bulle Oliveira e Marco Araujo Leite. Um beijinho para a minha Moana.