É um pena não termos paciência para gostarmos de uma vida mais tranquila como aquela de nossos avós. Imagino a estória de uns poucos alfaiates de Niterói, Sr. Luiz, um artista. Conversamos alguns minutos sobre escolas de samba, ditadura, Flamengo e essa escabrosa situação moral que nos afunda. Perguntei-lhe: “Sr. Luiz, minhas bermudas estão assombrosas, caindo pelas pernas… meus amigos do jiu-jitsu me chamam de Zeca Tatu. Eu levo numa boa, entretanto eles me apelidam de tudo. O senhor me ajuda?”
Em meio às agulhas, alfinetes, “farrapos” de roupa que são transformados em bordados búlgaros, Luiz olha-me com cara de sermão e fala com uma voz bem baixinha. “Marco, já trabalhei em escolas de samba, no mundo da moda e com as mais diversas celebridades. Posso lhe dizer que as roupas não deveriam subir a cabeça e, indubitavelmente, ternos não vestem homens”. Estávamos assistindo o gol de Dejan Petković na final da Supercopa dos Campeões dentro da casa do São Paulo, o Morumbi. Foi uma nobreza aquele lance, uma pintura. Pet, assim chamado por todos os flamenguistas, fornecera uma entrevista sobre o socialismo e sua vida na Iugoslávia e comentou: “Já vivi muito bem no socialismo, mas, na prática, não funcionava”. Os minutos na companhia de Luiz contabilizaram horas. Esse, obviamente mais vivido, recordou-me sobre o ano de 2006 e a atual formação da atual República da Sérvia. Lá eram conflitos voltados à separação de territórios, agressões e mutilações à inocentes contrários ao governo.
Fazendo uma comparação sobre os dois povos, me permiti falar: “O problema do brasileiro é a acomodação; parte dela “criada” pela ausência de educação. Vejo nosso povo aceitar fatos sem qualquer conhecimento de seus direitos; não reivindicamos absolutamente nada. A ideologia do socialismo é fantástica. Na verdade, quando me recordo da Iugoslávia, acho impressionante como um país passou pelo socialismo, comunismo e capitalismo. Hoje, embora não esconda meu preferido, estou desacreditado. Porquanto, tudo pode prestar e não prestar – dependendo dos personagens envolvidos. O mínimo seria saúde, educação, saber conviver em comunidade (princípios da saúde coletiva) e um robusto conhecimento sobre a estória do nosso pais.
Realmente seu Luiz tem razão quanto esses tais homens de termo que se travestem em roupas de grife para destruir um país. Esses são os verdadeiros gafanhotos… Às vezes vejo pessoas vestidas com trajes simples, fisionomia avermelhada e sofrida – são tão honestas que nem parecem observar. Será que ainda temos força de suportar a paz e nesse nefasto sistema de capitães do mato? Será que ainda iremos apreciar uns aos outros? Será que temos tempo de sermos laboriosos com a terra e o coração de nossos pares? Esse seria um caminho muito bonito para trilharmos, ladeando nossa população, zelando por todos. Que nossa população se abrace e seja feliz para sempre – como nos contos de fada.
Dedico essa crônica para todos os pais e avós. Espero que algumas dessas palavras toquem o coração de vocês de alguma maneira. É uma crônica “bestinha”, tipo aquelas de filmes de sessões da tarde. O pior é que vocês, por falta de tempo, dão um tal de “like” sem ao menos ouvir uma palavra que queria deixar: amo vocês todos. Embora estejamos próximo do dia dos pais, faço dessa uma gaivota e entrego às avôs Raul Muniz e Marco Antônio Araújo Leite. Quanto ao meu pai segue um forte abraço, um beijo e um muito obrigado.
Vou de acordo com as palavras de meu grande professor Marcos RG de Freitas. Creio também ser – humano que cumpro meus deveres e, de sobremaneira, ajudo pessoas tristes a tornarem-se menos infelizes. Queria estar com vocês, mas felizmente estou na companhia de João e Bento.