Em minha época de criança no bairro de Charitas, cujo nome significa caridade, alguns de meus “colegas” tinham hábitos que não compartilhava. Um desses era acertar pássaros empoleirados em fiações e contabilizar o número de êxitos em cada tentativa. Embora ainda existam discussões se tais aparatos são ou não considerados armas de caça, acredito que qualquer “ferramenta” que destrua a fauna silvestre é criminosa.
Os moleques os carreavam entrelaçados nas remendas das bermudas e ostentavam como atuais fuzis de traficantes; muitos com a conivência dos pais. Os mais usados eram os galhos de goiabeiras com torniquetes elásticos, muitos feitos com câmaras de pneus de bicicletas. No meio, uma couraça, para abarcar as mamonas ou pedras. Quem tem coragem de abater um pássaro será o primeiro passo para abater um homem – creio eu.
Ontem, ao tentar atravessar a Avenida Roberto da Silveira, em sinal localizado diante à Igreja Porciúncula de Sant’Anna, quase fui atropelado. Segui o protocolo básico: esperar o sinal colorar vermelho, os carros “alentecerem” e acomodarem-se antes da faixa de pedestre. No momento em que colocávamos os artelhos na pista eis que surge um carro vermelho, provavelmente sendo pilotado por algum ser-humano que necessita de reparação do seu DNA – ele certamente teve como objetivo praticar um ato ruim, mas atropelar outra pessoa é assustador. Não gosto muito dessas Classificações Internacionais de Doenças que sempre enquadram esses indivíduos num espectro patológico. Minha conclusão é simples; são maus e perversos por natureza. Nasceram assim… obstinam-se por maltratar.
Acho que as crianças que nascem no Brasil e, posteriormente tornam-se adultos, não têm o gene da maldade, assim como aquelas que nascem na Holanda não têm o gene da bondade! Em contrapartida, as estrangeiras vêm de uma estrutura que lhes dá oportunidades, exemplos, leis e punição. No Brasil, por sua vez, somam-se às incapacidades de formação intelectual e cultural – também acredito que os seres humanos lombrosianos já possuem o DNA do mal. Esse termo advém de Cesare Lombroso, um italiano estudioso em criminalística, que em 1874, publicara o livro “Lùomo delinquente” (O homem criminoso).
Observo muitas pessoas utilizando carros como estilingues e, indubitavelmente, com uma espécie de “tesão” em fazer o mal. Não os taxo como doentes ou anormais. Situações que envolvem o DNA da maldade, como desse imbecil da crônica, podem ser expandidas para explicar o comportamento humano dos senhores das guerras em todos os continentes do nosso planeta, desde o início da nossa civilização.