Parece que o Brasil entrou no mês de junho sem discernimento de sua própria identidade. Uma parcela da população ensandecida para a abertura dos comércios e outra paralisada pelo medo e ansiedade de voltar à normalidade.
Ambas possuem suas razões e, sinceramente, torna-se muito difícil tecer algum tipo de comentário. É fato que após quase três meses de confinamento uma grande parcela do nosso povo precisa de alimentação e subsídios básicos para sobreviver com um mínimo de dignidade. O que não entendo é o “rebolar” e a ignorância no que tange o distanciamento social – esse mesmo que se entrelaça com a economia e, obviamente, com a saúde.
Nosso país abre portas de um lado e fecha de outros; libera daqui e dificulta dali; tenta organizar desorganizando. Os jovens fazem festas clandestinas, os idosos “parecem” imunes pelo comportamento que apresentam. Enquanto alguns cidadãos agem com racionalidade e pensando nos seus pares, outros agem com uma irresponsabilidade e imbecilidade imensurável. Por quê?
Não existe, até o presente momento, um choque de ordem de abertura completa ou confinamento da população até o achatamento da curva de infecção. Enquanto isso o desmatamento da Amazônia alcança o seu nadir e a dança política das cadeiras nos castra a credibilidade moral e sanitária.
Por falar em política, aquela melancólica reunião ministerial foi a mais boçal que tive o desprazer de assistir por duas vezes. Pareciam colegas ao final de uma festa de confraternização – milhares de palavrões e nenhum motivo nem solução. Vamos esquecer um pouco do fanatismo que carreamos por alguma coisa e tentemos ser menos primitivos.
Fico imaginando hoje a população brasileira com porte de arma. O povo precisa ser armado de amor, de educação, de cultura, de ciência e de informação. Donald Trump ainda empurra o punhal em nossa classe média que adora a tal Disney “Não quero pessoas infectando meu povo”. São feridas na nossa história que nunca irão cicatrizar.
Posso dar um recado e 10 conselhos aos leitores?! 1- usem máscaras; 2- o distanciamento social é necessário; 3- não se auto-mediquem, 4- evitem aglomerações –aos que pegam ônibus e transportes públicos usem sempre máscaras e óculos, pois a conjuntiva é um belo local de entrada do vírus; 5- usem os recursos que vocês possuem com eficiência – chega de ódio; 6- blindem as nossas crianças e separem um tempo para explicar de forma delicada o que estamos passando; 7- vamos conviver de forma civilizada; 8- passemos a privilegiar as nossas vidas e não reclamar pelo que foi castrado pela Pandemia; 9- ajudemos a população pobre com qualquer tipo de atitude (doação de cestas básicas, orientação, informação, amor e parceria); 10- vamos rezar o “pão nosso de cada dia”.
Dedico essa crônica para todos os brasileiros. Tenho certeza que a maioria de nós é capaz de se doar. Em tempo: Esse rodizio de ônibus é piada, por uma óbvia questão (quanto menos coletivos nas ruas maiores as aglomerações). João e Bento Orsini – papai espera que vocês se tornem homens descentes e de caráter, pois tudo que a traça rói é barato.
Enalteço ao prefeito de Niterói Rodrigo Neves por perseverar no distanciamento e isolamento social. Espero que mantenhamos tais medidas por algum tempo. Vidas serão salvas.