A psicanalista Andrea Ladislau

Infelizmente a doença do Coronavírus trouxe muito pânico e medo, por isso, além de estarmos atentos aos aspectos físicos e biológicos relacionados a esta doença, cabe também fazermos uma análise minuciosa de outros pontos relevantes voltados para a saúde mental e emocional das pessoas.

O excesso de notícias e informações tem levado o ser humano a um descontrole e a uma insegurança sem igual. Com o advento tecnológico, a propagação das chamadas Fake News (notícias falsas) trouxe um grande impacto viral e, através de chamadas sensacionalistas, tendem a prender o público e acabam assim, por desestabilizar emocionalmente quem consome essas notícias. E a cada minuto surge uma nova notificação nas mídias colaborando por aumentar o medo e o desespero das pessoas. Com isso é natural a presença de transtornos de estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade generalizada, pânico e outros sintomas decorrentes.

Infelizmente essas são as respostas de nossa mente para a tão temida pandemia que se desenha no cenário mundial. Como estão recebendo uma enxurrada de notícias, as pessoas se sentem inseguras e sem ter muita certeza do que pode realmente ser real, a sensação mais comum é a falta de controle, incerteza com os dias futuros e uma instabilidade relativa a tudo e a todos. Pessoas infectadas ou com suspeita podem, pelo desespero, apresentar comportamentos impulsivos e até evidenciar tendências suicidas.

Os transtornos psíquicos das epidemias podem atingir todos, inclusive os cuidadores e profissionais da saúde que entram em contato com os pacientes. Transtornos de ansiedade, ataques de pânico, depressão, agitação psicomotora (movimentos indesejados devido ao estresse), delírio e suicídio, são os sintomas mais comuns. O medo, a frustração e ansiedade ocasionados pela possibilidade de se contrair a doença, tirando-os assim de suas atividades e também podendo até deixá-los isolados de suas famílias, são as principais apreensões que povoam a mente dos colaboradores da saúde ao estarem diante de uma situação de cuidado de um infectado. Além claro, da sensação de impotência diante de um possível fracasso no trato e manejo do doente.

Por mais que, se tenha uma informação de qualidade e pautada em dados verdadeiros e estatísticos, infelizmente, comprovamos que o ser humano não está preparado para compreender. A fragilidade cerceada pelo medo contribui ainda mais para a potencialização dessa atmosfera de insegurança.

É certo que, vencemos o medo e a insegurança quando trabalhamos a nossa inteligência emocional a favor da razão. Esta fará com que você ultrapasse os obstáculos. Se estiver consciente dos cuidados e precauções, municiado de informações corretas, com toda certeza, você poderá encarar essa situação da maneira mais tranquila, sem pânico e sem desespero. E, o mais importante: sem contribuir para a disseminação das falsas notícias que só trazem angústia e alimentam os transtornos psíquicos de toda uma população.