Os turvos tempos em que a pandemia da COVID-19 estão a nos exigir profundas reflexões e mudanças em nossos hábitos de vida, porquanto a vacinação e o tratamento antiviral específicos ainda não estejam visíveis, cabe-nos o recurso de nossa consciência individual para o fortalecimento das medidas de isolamento social, na busca do achatamento da curva de incidência; e desta feita, evitarmos a sobrecarga dos sistemas de saúde.
Outrossim, devemos ter atenção especial para alguns grupos sociais que apresentam condições clínicas específica que demandam atendimento e cuidados de saúde de sua condição já conhecida e a possibilidade de sua participação indesejável no cenário desta pandemia.
O conhecido grupo de doenças crônicas e comorbidades, está compreendido por ampla diversidade de diagnósticos diferentes, com níveis variados de suas incapacidades, e por conseguinte, em fases e em estágios bastante assimétricos.
Desta forma, fazer recomendações específicas para este conjunto de condições variadas ultrapassa o escopo deste texto, no entanto, algumas orientações podem e devem ser destacadas tanto para os pacientes, seus familiares e cuidadores quanto para a equipe de saúde quando demandada nos casos de contaminação pelo SARS-COV-2.
Co-morbidades concomitantes, como por exemplo, diabetes mellitus, hipertensão arterial e obesidade, além de situações que isoladamente podem acrescentar piora no cenário do processo inflamatório anelado às infecções em geral; soma-se também o grupo de pacientes em uso de corticosteroide e imunossupressores.
Malgrado as condições psíquicas adversas que podem ocorrer, o isolamento social deve ser apresentado e estimulado para todos, mormente aos pacientes, familiares e cuidadores, com medida seminal para evitar a exposição e propagação do SARS-COV-2.
As medidas já recomendadas pelas organizações de saúde oficiais, como lavar as mãos frequentemente com sabão e o uso de máscaras protetoras devem estar incorporadas aos hábitos da vida diária. Aos cuidadores e profissionais da saúde que se deslocam de suas casas para o atendimento aos pacientes que necessitam de maiores cuidados estão indicados o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI).
Em caso de possível contaminação deve haver inicialmente de modo preferente o contato com o profissional de saúde que o acompanha, e em caso de dificuldade, a utilização das redes de orientação online disponibilizadas pelos órgãos oficiais de políticas públicas.
Em caso de necessidade de internação em unidade hospitalar em casos moderados e graves da -19, os familiares ou cuidadores devem informar da situação clínica dos pacientes, incluindo o uso das medicações essenciais de uso continuado, porquanto a sua descontinuidade pode agravar a doença básica.
Quanto aos pacientes estáveis propõe-se o uso, sempre que possível do contato remoto, por meio das diversas ferramentas existentes. Os contatos telefônicos convencionais e vídeos chamadas são recursos valiosos e devem ser empregados, sempre que possível. Entretanto, há casos em que os atendimentos necessitam ser presenciais. Nestes casos, é essencial que as recomendações de proteção e higiene sejam, rigorosamente, obedecidas.
Faz-se mister que, de uma forma ou de outra, a critério do profissional, a assistência clínica deve continuar sendo feita aos pacientes com doenças agudas, crônicas e degenerativas; tendo em vista a progressão dos sintomas e o possível agravamento do quadro clínico secundário à falta da continuidade do seguimento terapêutico.
Por fim, há um ambiente desafiador em curso para toda a sociedade, e somente iremos superá-lo com a utilização dos conhecimentos científicos, sem dispensar toda a riqueza cultural construída pela humanidade ao longo de toda a sua caminhada. A sociabilidade, a solidariedade, a fraternidade e a ética sempre serão pilares na busca de caminhos para superarmos as crises pessoais e coletivas. Pensar no bem-estar do outro é uma poderosa arma contra esta pandemia. Parabéns para a Prefeitura de Niterói por conter esse cenário caótico em tempo hábil, manter algumas medidas de controles de “fronteiras”, orientar nossa população e, principalmente, ser forte e manter tais estratégias até termos uma segurança significativa.