Professores e alunos do Hospital Antônio Pedro estão à frente do projeto

Como parte das iniciativas da Universidade Federal Fluminense de engajamento na luta contra o novo coronavírus, uma equipe formada por professores e alunos de pós-graduação do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) começou essa semana a confeccionar testes para diagnóstico do Covid-19 em um de seus laboratórios. O projeto surgiu da urgência, frente à expansão do vírus, de o hospital ser independente na produção de laudos em relação a instituições como a Fiocruz e o Lacen – que concentram grande parte da fabricação de testes regional e nacionalmente.

“Quando chegar no meio da epidemia, esses resultados não vão chegar a tempo de se tomar decisões rápidas, na beira do leito. Nosso objetivo é salvar vidas”, explicou o idealizador do projeto, o professor da UFF e nefrologista Jorge Reis Almeida.

A ideia de formar e capacitar uma equipe para a realização dos testes surgiu após Jorge receber a notícia de internação de um amigo nefrologista, com diagnóstico de Covid-19.

“Amanheci com um pensamento fixo: convocar docentes e também alunos de pós-graduação que coordeno no Laboratório Multiusuário de Apoio à Pesquisa em Nefrologia e Ciências Médicas da UFF para essa frente de trabalho em torno do coronavírus. Rapidamente toda a universidade se mobilizou para ajudar de alguma maneira. Além disso, o secretário de Saúde de Niterói viabilizou a compra de um kit para confecção de cem testes, assim como o diretor do HUAP”, comemorou.

Andrea Alice da Silva, farmacêutica-bioquímica e vice-coordenadora do laboratório, que também está à frente da iniciativa, afirma que esses últimos dias que estão antecedendo a produção de testes têm sido muito intensos.

“Estamos fazendo tudo, estudando, e também adquirindo pequenos materiais para a confecção de jalecos e transferindo equipamentos de um laboratório para outro. Nós temos colocado em prática temas como biossegurança, recursos humanos, fluxo prático de entrada de amostras, execução dos exames até o laudo e sua liberação. Todas essas etapas e decisões são discutidas, virtualmente, de forma clara e em conjunto também com nosso grupo de professores colaboradores e com nossos queridos e motivados alunos”, destacou.

Apesar de todo o entusiasmo, uma situação que chama a atenção corre paralelamente à pandemia no país, com consequências também devastadoras para a saúde da população.

“Todos os nossos alunos de pós-graduação estão sem bolsas porque elas foram cortadas. A situação é gravíssima. Estão todos aqui como voluntários. A sociedade precisa compreender que a formação de cientistas, biólogos moleculares, biomédicos é  fundamental nesse processo. Muitas pessoas acham que brincamos de ser cientistas, mas o que fazemos é muito sério. Pensamos no Brasil todos os dias”, concluiu Jorge Reis.