Além da importância do cobiçado título da vela, o Campeonato Europeu da Classe Star de 2019 terá outros motivos que justificam a possibilidade de mais de 100 barcos no lago de Riva del Garda, ao norte da Itália, neste final de semana. A competição terá o status de SSL Breeze Grand Slam, da Star Sailors League (SSL), e marcará a despedida internacional da classe, do medalhista olímpico e campeão mundial Lars Grael.
“O primeiro álbum da carreira solo do ‘Beatle’ George Harrison chama-se ‘All Thing Must Pass’ (todas as coisas devem passar) e traz reflexão quanto à transitoriedade na vida. Nesse momento de decidir com a razão, sentir as limitações do corpo e ouvir o coração, optei por encerrar minha carreira internacional na ultracompetitiva Classe Star. Encerrar, porém, com equilíbrio e sentimento de dever cumprido”, disse Grael, que começou a velejar ainda criança em Niterói.
Aos 55 anos, Lars coleciona títulos e outras conquistas que lhe transformaram em referência na vela mundial. O próprio velejador divide sua vitoriosa carreira em duas etapas. A primeira, desde a iniciação, tendo como meta as duas medalhas olímpicas na Classe Tornado, até o acidente em 1998. A segunda é a que se encerra nesta semana.
“Era uma necessidade de provar, sobretudo para mim mesmo, do que minha força de vontade seria capaz após o acidente”, enfatizou Lars.
Em 19 anos de Classe Star, Lars destaca o título mundial de 2015 na Argentina, ao lado de Samuel Gonçalves, entre suas principais conquistas. A dupla ainda conquistou o bicampeonato (2014/15) da tradicional Bacardi Cup, inédito para a vela brasileira. Lars ainda somou mais sete títulos intercontinentais e outros 16 em competições nacionais.
“Entre as principais razões para a decisão, destaco o elevado custo de me autofinanciar nas competições internacionais desde a descontinuidade do meu último patrocinador em 2015. Não acho justo sangrar as contas da família. Vou me dedicar às palestras que sempre apresento com entusiasmo e à consultoria esportiva no Grupo Globo. Por questão de ética e consciência nunca reivindiquei o benefício Bolsa-Atleta, ao qual sempre tive direito”, revelou Lars, apesar das dificuldades para obter patrocínio.