A enxaqueca (um dos diversos tipos de dor de cabeça) afeta cerca de 10% das pessoas no mundo, sendo mais frequente em mulheres. Os episódios podem eclodir somente com dores intensas e geralmente localizadas e\ou associados à mal-estar, vômitos, fobias ao som e\ou claridade, problemas no sono, dentre outros. As causas exatas são desconhecidas, embora saibamos que estão relacionadas com alterações do encéfalo associadas à influência genética. Adultos em idades produtivas costumam perder dias de trabalho e apresentar rendimento reduzido durante as crises.
Embora com menos frequência, crianças e indivíduos de terceira idade também podem ser combalidos. Estresse, jejum prolongado, tipo de alimentação, privação ou extensão do sono, mudanças de temperatura, fatores hormonais e exposição acentuada à equipamentos eletrônicos podem deflagrá-las. Uma dica: “Aos que gostam de queijos e vinhos, além de bebidas com cafeína e chocolates, cuidado, esses podem ser gatilhos para as crises”. Atualmente o neurologista utiliza medicamentos preventivos para as terríveis dores de cabeça (anti-depressivos e anti-convulsivantes). No aborto das crises medicamentos específicos como, por exemplo, analgésicos e anti-inflamatórios são potentes armas.
Os Estados Unidos já aprovaram a primeira terapia de prevenção diretamente relacionada à enxaqueca. Trata-se de uma aplicação mensal (injeção especifica) que pode ser combinada com outros medicamentos. Tal injeção, que pode ser aplicada pelos próprios pacientes, possui afinidade com receptores de neurônios específicos. É sempre importante destacar que alguns indivíduos podem ter uma resposta bem satisfatória à injeção, enquanto em outros pode falhar.
A terapia é a primeira de uma série de outras estratégias que tem por alvo a molécula “CGRP” (muito aumentada nos pacientes com enxaqueca, mas presente em pessoas sem enxaqueca), “sigla do tipo” proteína relacionada ao gene da calcitocina. Os resultados em três estudos científicos, foram muito superiores quando comparados aos medicamentos atuais. Vamos sempre lembrar das inúmeras causas da enxaqueca e torcer para a chegada dessa nova modalidade terapêutica.
*Marco Orsini é professor do Programa de Mestrado em Ciências Aplicadas à Saúde – Universidade de Vassouras e PhD em Mapeamento Cerebral pela UFRJ.