Órgãos de crédito alertam para inadimplência com crédito
Roupas, calçados, acessórios, celulares, comida, computadores, eletrônicos em geral, cosméticos, brinquedos e jogos: não há nada que não se compre pela internet, sem precisar sair de casa. A novidade que tem se demonstrado, no entanto, por órgãos de pesquisa da área, é uma procura cada vez mais assídua por sites estrangeiros, na hora de comprar. A principal razão para o aumento dessa busca seria o preço baixo, indicam os números da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em investigação realizada junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), demonstrando as lojas virtuais internacionais como preferência de 29% dos brasileiros. No estudo foram entrevistados 815 consumidores das 27 capitais brasileiras, entre homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas que fizeram compra pela internet no último ano.
Entre este público, que gasta, em média, R$ 140 reais por compra, 67% afirma que os valores mais baixos foram determinantes; 46% aponta a possibilidade de achar artigos difíceis de serem encontrados localmente; outros 46% procura variedade de produtos; e 35% vai em busca de itens novos que quase ninguém possui.
“A compra virtual tem ganhado adeptos, sobretudo pelos preços altamente competitivos praticados por esses sites, que se somam à oferta de produtos que nem sempre estão à disposição no mercado nacional”, avalia a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
O prazo de chegada é maior desvantagem, de acordo com 62% das respostas à pesquisa, seguido pela insegurança com a entrega dos produtos, que costuma demorar mais do que a realizada em âmbito nacional, podendo levar entre 30 e 90 dias; já a segurança no processo de pagamento é fator considerado por 51%. Por isso, é preciso estar alerta durante a escolha das páginas, alerta o educador financeiro do ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli.
“É preciso redobrar a atenção e pesquisar bem sobre o site. Vale a pena olhar quem já comprou e analisar os depoimentos, como reclamações, por exemplo. Trocas e devoluções costumam ser mais difíceis de se resolverem”, orienta.
Cuidado ao utilizar crédito
No entanto, uma outra pesquisa, em associação com os mesmos órgãos (CNDL e SPC), alerta para o fato de que, quando não bem controlado, o uso do crédito pode gerar um volume de compras que excede o orçamento, levando os consumidores à inadimplência. Os números apontam que 58% dos consumidores que recorreram ao crediário no último ano já ficaram negativados por atrasar prestações e 48% dos usuários de cartão de crédito por não pagarem a fatura.
Para Marcela Kawauti, o mau uso do crédito pode tornar a dívida difícil de pagar, principalmente diante de uma economia ainda em lenta recuperação. “Em uma sociedade voltada ao consumo, em que se incentiva a compra de bens muitas vezes desnecessários, o crédito fácil por meio de pequenas prestações e prazos a perder de vista surge como catalisador para o endividamento. Por essa razão, o consumidor precisa se conscientizar de que fazer um controle de suas finanças é essencial”, analisa.
Prova do descontrole dos brasileiros com relação às suas dívidas é o alarmante índice de pessoas que afirma dizer ‘sim’ ao aumento de limite em cartões crédito oferecido pelos bancos e lojas. De acordo com a pesquisa, quatro em cada dez brasileiros (41%) não dizem ‘não’, quando este tipo de oferta é feita. Ao receber contato de instituições ou empresas oferecendo cartões, 15% aceitam somente se tiver isenção de anuidade e outros 15% se de fato precisarem, enquanto 7% apenas porque gostam de ter crédito disponível e 3% acabam contratando sem sequer avaliar sua real necessidade. 910 pessoas, entre homens e mulheres, de todas as regiões do País, foram entrevistadas nesta pesquisa.