Após um ano de pesquisas, a Prefeitura de Niterói concluiu o Inventário Faunístico da Bacia Hidrográfica da Enseada de Jurujuba. Foram identificadas 726 espécies. Algumas estão ameaçadas de extinção como as tartarugas. O estudo ressalta a importância da região como um habitat para uma fauna rica e diversificada. Durante a pesquisa sobre o comportamento dos peixes, por exemplo, foram registradas 22 novas espécies para a região, sendo sete inéditas para o litoral de Niterói. As pesquisas reafirmam a importância do estudo para o conhecimento da biodiversidade local e regional.

O relatório foi um estudo inédito realizado pela Prefeitura e coordenado por biólogos da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e da empresa de consultoria ambiental Piper 3D que, ao longo de quatro expedições em campo, descobriram uma riqueza até então não pesquisada naquele ecossistema de fauna terrestre e aquática.

Entre as principais descobertas, alguns dados chamam atenção no que diz respeito às aves: duas espécies encontradas pelos biólogos estão classificadas em algum nível de ameaça como a trinta-réis-de-bico-vermelho (aquática) e a gavião-pombo-pequeno (florestal). Além disso, oito espécies registradas são reconhecidas como endêmicas de Mata Atlântica. Sete espécies possuem alta sensibilidade a perturbações, e 28 têm sensibilidade média. Para este grupo, foram registradas cinco espécies exóticas ou invasoras.

Nos dados sobre anfíbios e répteis, os destaques foram a identificação de uma espécie de tartaruga marinha ameaçada de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o lagarto teiú (Salvator), e a lagartixa-de-parede, considerada uma espécie invasora.

A pesquisa sobre mamíferos identificou espécies domésticas e exóticas, como cães, gatos, micos e porcos, que ameaçam a biodiversidade local ao competirem por recursos e impactarem a fauna nativa. Espécies nativas, como o gambá, mostraram boa adaptação a ambientes alterados, enquanto outras, como a cuíca, foram observadas principalmente no Parque Natural Municipal de Niterói (PARNIT). Espécies como o cachorro-do-mato, tatu e preguiça demonstraram resiliência à urbanização, mas dependem de áreas florestais para sobreviver.

Ao todo, o trabalho identificou 22 anfíbios, 7 répteis, 117 aves, 26 mamíferos e 437 espécies de insetos. Estes insetos desempenham papéis ecológicos importantes como o processo de polinização no qual o pólen de uma flor é transferido para outra, permitindo a fertilização e a produção de sementes, decomposição e controle de pragas. Foram ainda 28 espécies de aranhas ou centopeias, 45 peixes e 44 macro invertebrados aquáticos, incluindo animais ameaçados de extinção e exóticos.