No mês da mulher, a reflexão sobre o protagonismo feminino no mercado de trabalho e no empreendedorismo se torna essencial, especialmente quando se trata da trajetória das mulheres negras. Apesar dos avanços, a desigualdade salarial, a baixa representatividade em cargos de chefia e a falta de acesso a recursos ainda são desafios para mulheres negras no mercado de trabalho.

Daniele Rodrigues, especialista em gestão e liderança e diretora da Associação de Negócios do Brasil (ANB) no Leste Fluminense, destaca que a ascensão profissional dessas mulheres esbarra em barreiras estruturais.

“Crescemos sem referências femininas negras em posições de liderança, o que afeta nossa autoconfiança e perspectiva de crescimento”, afirmou.

Além disso, a falta de redes de apoio e a invisibilidade dificultam a trajetória dessas profissionais. Segundo Daniele, é essencial que empresas valorizem essa mão de obra e incentivem o empreendedorismo feminino.

“O crescimento do negócio passa por capacitação e planejamento. As mulheres precisam enxergar seus empreendimentos como empresas com potencial de expansão”, explicou.

Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostram que mulheres negras representam 28% da população brasileira em idade ativa, mas ganham, em média, 46% do salário de um homem branco na mesma função. Um levantamento do Instituto Ethos, de 2024, aponta que menos de 4% das mulheres negras ocupam cargos executivos, enquanto 53,7% estão em programas de trainee.

Para ampliar a participação dessas mulheres no mercado, é fundamental investir em educação, mentorias e acesso a financiamento. “Precisamos de redes que abram portas e ofereçam oportunidades reais”, enfatizou Daniele.